Papa emérito Bento XVI morre aos 95 anos
O papa emérito Bento XVI morreu aos 95 anos neste sábado (31), anunciou o Vaticano.
Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927 na cidade de Marktl, mas passou boa parte da infância e adolescência em Traunstein, perto da fronteira com a Áustria.
De família humilde e o mais novo de três irmãos, entrou para o seminário aos 12 anos e era fluente em diversas línguas, entre elas grego e latim. Mais tarde, fez doutorado em teologia na Universidade de Munique.
“Quis chamar-me Bento XVI para me relacionar idealmente com o venerado pontífice Bento XV [Cardeal Giacomo della Chiesa], que guiou a Igreja num período atormentado devido à Primeira Guerra Mundial”, disse ele.
“Ele foi um profeta corajoso e autêntico de paz, e comprometeu-se com coragem infatigável primeiro para evitar o drama da guerra e depois para limitar as consequências nefastas”, completou.
São Bento também é o padroeiro da Europa e fundador da Ordem Beneditina.
Bento XVI, no entanto, também viria a ser o primeiro papa a renunciar em 600 anos, após a Igreja Católica se tornar alvo de escândalos envolvendo acusações de corrupção e pedofilia.
Infância em meio ao nazismo na Alemanha
Em um período de ascensão do regime nazista na Alemanha, Ratzinger optou por focar na igreja e em seus ensinamentos como forma de proteção ao movimento.
Mesmo com a decisão, e com o pai também se opondo ao regime de Adolf Hitler, Ratzinger entrou obrigatoriamente para a força auxiliar do Exército em 1941, mesma época em que integrou o seminário preparatório, aos 14 anos.
Já no final da Segunda Guerra Mundial, foi convocado para ajudar nos serviços antiaéreos.
Entre idas e vindas das convocações para o serviço militar, desertou no ano de 1945 após ser capturado por soldados norte-americanos e ficar preso por meses.
Ratzinger, então, decidiu voltar para o seminário, e a sua ordenação saiu em junho de 1951.
Com a batina, o novo padre seguiu nos estudos em teologia e na carreira acadêmica em diversas instituições de ensino europeias, lecionando nas universidades de Bonn e de Muester e ocupando o cargo de vice-reitor na Universidade de Regensburg.
Conhecido por suas profundas reflexões no universo teológico, Bento XVI tem publicações, em diversos formatos, que são conhecidas mundialmente.
As obras “Dogma e Revelação” e “Introdução ao Cristianismo”, por exemplo, são referências universitárias para quem deseja compreender melhor a teologia.
Trajetória na Igreja Católica
Devido ao seu conhecimento acadêmico e científico, o futuro papa contribuía de forma significativa para a Igreja Católica.
Em 1977, foi nomeado arcebispo de Munique e Freising e a sua sagração episcopal foi oficializada no ano seguinte. Tornou-se o primeiro padre diocesano a assumir a arquidiocese da Baviera.
No mesmo ano foi nomeado cardeal e participou de conclaves que elegeram João Paulo I e João Paulo II.
Este último o ordenou prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé – o antigo Tribunal da Inquisição, que ficou conhecido historicamente por perseguir e punir quem se desviava das condutas impostas pela Igreja.
Em 1982, Ratzinger renunciou ao governo pastoral da arquidiocese de Munique.
Em 1998, com a nomeação para vice-decano do Colégio Cardinalício, Ratzinger ficou ainda mais próximo do cargo de chefe de Estado do Vaticano.
Com o nome aprovado pelo Papa João Paulo II, sua eleição para decano foi aceita em 2002.
Eleição
Com a morte de João Paulo II em 2 de abril de 2005, o Colégio de Cardeais articulou para iniciar as discussões para a escolha do novo papa.
Por: Gazeta Web