Um motorista de carreta, de 53 anos, internado em estado grave com leptospirose contou ao g1, nesta quinta-feira (11), que os sintomas da doença começaram após ele comer uma manga, que pegou do chão e descascou com a boca sem larvar. Roberto Luiz comemora o ‘milagre’ de estar vivo, pois os médicos que o atenderam o desenganaram em relação à recuperação.
A leptospirose, causada por bactérias do gênero leptospira, é geralmente transmitida pela urina de animais infectados, como roedores, e causou sérios danos em Roberto. Ele precisou passar por hemodiálise e foi informado que os órgãos tinham começado a falhar. “Eu estava desenganado”.
Ele comeu a fruta dia 7 de dezembro, quando voltava a Santos, no litoral de São Paulo, após entregar uma carga no interior paulista. Passados dois dias, já em casa, começou a sentir febre, dores musculares e a vomitar.
No dia 12, ele precisou volta à estrada para levar nova carga ao interior do estado. A viagem foi feita em comboio com outros motoristas. Durante a viagem o quadro piorou. As dores aumentaram e começou a vomitar na carreta. “Eu não me aguentava em pé”, contou Roberto, que precisou ser retirado do veículo por colegas de profissão.
O motorista foi levado a um hospital próximo de onde estava, em Ilha Solteira (SP), onde foi medicado e liberado. Ao chegar em Santos, no mesmo dia 12, buscou ajuda na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Zona Noroeste. Lá, passou por exames e o diagnosticaram com dengue.
Ele resolveu ir atrás de outra opinião na UPA da Zona Leste, na mesma cidade. Ao repetir os exames, os mesmos resultados. Sem respostas, os sintomas de Roberto pioraram com o passar dos dias. Ele teve febre alta e dores musculares.
“Meu caso começou a ficar muito grave. Porque eles [médicos] não estavam entendendo o que estava acontecendo. Eu [estava] com dor no corpo inteiro. Você não conseguia encostar em mim. É dor intensa o tempo todo”.
Descoberta da doença
Roberto foi transferido para a Santa Casa de Santos no dia 16 de dezembro, onde a equipe médica repetiu todos os exames. Com o quadro piorando, um médico questionou se ele havia caído em uma enchente ou bebido em latinhas. Ao recordar o episódio com a manga, ajudou no diagnóstico.
Os médicos demoraram a diagnosticá-lo e, até a cura, chegou a ouvir que não se recuperaria. Durante o tratamento, disse ter ouvido de um residente médico da Santa Casa de Santos: “Teu fígado parou, teus rins pararam. Tu quer saber mais o quê? Teus órgãos estão parando. Ué, cara, não tem o que falar para ti. Não tem o que te passar de melhor, não tem mais o que fazer”.
Roberto contou ter ficado desolado e escutado do mesmo profissional: “Tu não está reagindo, não está comendo, não está fazendo nada”. Mesmo assim, afirmou que a equipe médica não desistiu em trabalhar pela melhora, que também atribui às orações da esposa.
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