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MAGUILA, LENDA DO BOXE BRASILEIRO, MORRE AOS 66 ANOS EM SP

 

Reprodução

O ex-pugilista José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, faleceu nesta quinta-feira (24), aos 66 anos. Ele estava internado em uma casa de repouso em São Paulo, lutando contra a encefalopatia traumática crônica (ETC), uma condição degenerativa semelhante ao Alzheimer, comumente diagnosticada em ex-atletas que sofreram repetidos golpes na cabeça, como é o caso de boxeadores.

Carreira marcada por vitórias e desafios - Maguila foi um dos grandes nomes do boxe brasileiro nos anos 1980 e 1990. Ele iniciou sua trajetória com o apoio do narrador e empresário Luciano do Valle, que enxergou potencial no atleta e o colocou sob a tutela do renomado treinador americano Angelo Dundee. Dundee, que já havia treinado lendas como Muhammad Ali, George Foreman e Jimmy Ellis, foi peça-chave para o desenvolvimento de Maguila no esporte.

Sua estreia no boxe profissional foi meteórica: entre 1983 e 1985, acumulou 14 vitórias consecutivas, conquistando o título de Campeão Sul-Americano dos pesos-pesados e mantendo-se invicto por dois anos. Apesar do sucesso inicial, Maguila enfrentou críticas sobre a qualidade técnica de seus adversários e de seu próprio desempenho em certas ocasiões. Ainda assim, ele se consolidou como o brasileiro mais bem ranqueado em sua categoria durante esse período.

Enfrentamentos históricos e glórias internacionais - Na década de 1990, Maguila teve a oportunidade de enfrentar ícones do boxe mundial, como Evander Holyfield e George Foreman. Mesmo sendo derrotado em ambas as lutas por nocaute, esses combates marcaram sua carreira, especialmente a disputa pelo cinturão do Conselho Mundial de Boxe (CMB) contra Holyfield.

Em 1995, Maguila conquistou o título de campeão mundial pela Federação Mundial de Boxe (FMB), ao derrotar o britânico Johnny Nelson por decisão dos juízes. Embora a FMB fosse uma organização com menor prestígio no cenário internacional, o feito foi considerado um marco para o boxe brasileiro. Maguila encerrou sua carreira em 2000, após ser derrotado pelo compatriota Daniel Frank.

Ao longo de sua trajetória, Maguila acumulou um cartel impressionante de 85 lutas, com 77 vitórias, um empate e apenas sete derrotas. Além dos títulos Sul-Americano e Mundial, ele foi campeão brasileiro, pentacampeão continental e conquistou o Campeonato das Américas.

A vida além dos ringues - Conhecido por seu carisma e figura folclórica, Maguila também teve uma carreira fora dos ringues. Após pendurar as luvas, trabalhou como comentarista em programas esportivos e chegou a integrar o elenco fixo do "Show do Tom", na Record. Com seu jeito simples e cativante, conquistou um público que ia além dos fãs do boxe.

Maguila ainda se aventurou pelo mundo da música, lançando um CD de samba chamado Vida de Campeão, reforçando sua imagem como um ícone popular. Em 2010, tentou ingressar na política ao se candidatar a deputado federal pelo Partido Ecológico Nacional (PEN), mas não conseguiu se eleger.

Batalha contra a encefalopatia traumática crônica - Nos últimos anos de vida, Maguila enfrentou uma dura batalha contra a encefalopatia traumática crônica (ETC), também conhecida como demência pugilística. A doença é comum entre boxeadores e é causada pelos repetidos impactos sofridos na cabeça ao longo da carreira, levando a sintomas como perda de memória, dificuldades motoras e alterações de comportamento, similar ao que ocorre com pacientes de Alzheimer.

Desde 2014, o ex-lutador estava internado em uma casa de repouso, onde recebia cuidados especializados. Sua esposa, Irani Pinheiro, sempre se mostrou presente e atuante, cuidando de Maguila durante esse longo processo de internação e deterioração da saúde. Em entrevista ao programa "Balanço Geral", da Record, ela confirmou o falecimento e destacou o legado deixado pelo marido no esporte e na cultura popular brasileira.

O legado de um campeão - Maguila deixa uma história de superação e conquistas no esporte. De origem humilde, ele se tornou um dos maiores nomes do boxe nacional, representando o Brasil em eventos internacionais e desafiando alguns dos maiores campeões mundiais. Sua imagem como lutador destemido e personalidade carismática transcendeu os ringues, tornando-o uma figura admirada por diversas gerações.

Seu falecimento representa uma grande perda para o esporte brasileiro, mas seu legado permanece vivo na memória de fãs e admiradores, que continuarão a lembrar de suas vitórias e contribuições para o boxe no país.

Por: G1

























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